segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Resenha: Quem é Você, Alasca?

Resenha Quem é você, Alasca?

Título: Quem é você, Alasca? (Looking for Alaska)

Autor: John Green 

Páginas: 188

Editora: Intrínseca 

Lançamento: 2014 

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "E naquele quase-momento entre nós dois, eu percebi que me importava com ela, pelo menos um pouco. Não sei se gostava dela, e tinha minhas dúvidas quanto a confiar nela, mas me importava o bastante para tentar descobrir. Ela na minha cama, aqueles olhos verdes enormes me encarando. O mistério infindável do seu sorriso irônico, quase malicioso."

"Este romance de estreia é uma amostra do talento bruto de John Green, o tipo de talento que faz você chegar à última página do livro como uma pessoa completamente diferente." - The Guardian.

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Eu estava em casa em pleno final de semana, sem fazer nada... E pensei: por que não reler um livro da minha estante? E o escolhido foi... Quem é você, Alasca? Porque dentre os livros que li do John Green, este simplesmente é o meu favorito.
    Miles Halter é um adolescente antissocial, que leva um vida pacata na Flórida e tem uma obsessão não-óbvia; ele gosta de colecionar e decorar últimas palavras de pessoas famosas. Ele não gosta de ler os livros dos escritores famosos, por exemplo, ele está interessado em suas biografias e últimas palavras.
     Tocado por uma citação específica e vários questionamentos na cabeça, Miles decide ir para um colégio interno no Alabama e mudar bruscamente sua vida, sair em busca de respostas e do seu "Grande Talvez". Desde o início fiquei me perguntando o que seria esse Grande Talvez que ele se referira tanto. No caso dele, presumo que seja deixar de lado a monotonia e viver mais aventuras, ter mais diversão, viver intensamente... Fazer com que sua adolescência tenha valido a pena.
     Na Culver Creek ele conhece o seu colega de quarto Chip Martin (Coronel), um garoto pobre - bolsista - que se destaca por sua inteligência e carisma. Ele é cativante e emocionante, aquele tipo de pessoa que todo mundo queria ter como amigo e que nutre uma simbólica raiva por pessoas ricas. Coronel também tem uma obsessão diferente; ele gosta de decorar nomes de países, capitais, populações, etc. Junto com Alasca Young, ele planeja e executa os trotes mais lendários da escola.
     Alasca Young é uma personagem misteriosa, excêntrica, ambígua e profundamente triste, utilizando-se de metáforas sempre que pode. 

"Do meu lado na escuridão, ela cheirava a suor, luz do sol e baunilha, e naquela noite de lua minguante eu pouco via da sua silhueta, exceto quando ela fumava, quando a brasa do cigarro iluminava seu rosto, que adquiria um tom vermelho pálido. Mesmo no escuro eu admirei os seus olhos, esmeraldas intensas. Aqueles olhos seriam capazes de convencer você a fazer qualquer coisa que ela pedisse. E ela não tinha apenas um rosto bonito. Seu corpo era igualmente lindo, os peitos apertados na camiseta justa, as pernas torneadas se movendo para a frente e para trás no balanço, os chinelos pendurados nos dedos dos pés com unhas pintadas de um azul forte e brilhante."

Quem é você, Alasca? - pág. 21

     Enquanto Miles quer encontrar o seu Grande Talvez, Alasca quer desvendar os mistérios do Labirinto. Imediatamente Miles se apaixona por ela; na típica pegada do John Green: Nerd que se apaixona por garota popular e misteriosa. Dito isso, ele começa a querer saber mais sobre ela, seu passado e tudo que a envolvia. E assim como Miles, o leitor deseja cada vez mais entender: Afinal, quem é você, Alasca?
     John Green desenvolveu a personagem com tamanha maestria que ela se tornou uma das minhas personagens literárias favoritas, desde a escolha do nome até as besteiras que ela fazia. Além de tudo, ela ainda é Feminista - o que me fez amá-la ainda mais -, sempre com frases como "Não me imponha esse paradigma patriarcal", "Não trate o corpo das mulheres como meros objetos" e:

"Nenhuma mulher deveria espalhar mentiras sobre outra mulher, nunca! Você violou o acordo sagrado entre nós! Como esfaquear umas às outras pelas costas vai ajudar as mulheres a superarem a opressão patriarcal?!"

Quem é você, Alasca? - pág. 58

     Um personagem que me pareceu não ter muita importância foi o Takumi, embora eu tenha simpatizado com ele, um japonês, que assim como os amigos, tem uma obsessão diferente; ele gosta de rimar e se considera um "MC". Já a Lara, namorada temporária do Miles, teve seus momentos fofos e engraçados, fazendo-nos simpatizar com ela desde o princípio.
      O livro é organizado em duas partes, o "antes" e o "depois", e numa contagem regressiva e em seguida progressiva. Ele é repleto de reflexões e metáforas, induzindo o leitor a se questionar frequentemente. Sem esquecer do humor ácido do John Green, que traz à tona questões inerentes à adolescência como Álcool, Cigarros e Sexo.
     O acontecimento ao qual o livro gira em torno é polêmico, mas não me surpreendeu. Não por ter sido com a Alasca. Que por causa de um fato em sua infância, ela acabou se tornando impulsiva e inconsequente. Aos poucos, o autor vai nos revelando pequenos fragmentos da história dela, mas mesmo assim não é o bastante. Inclusive os próprios amigos dela não sabiam quem realmente ela era. E eles tentam descobrir. Mas Alasca é um completo mistério.
     A capa original não me agradou nem um pouco, mas eu amei a edição da Editora Intrínseca. Gostei bastante da capa de um preto fosco contrastando com a fumaça de cigarro, as folhas amareladas e no final tem "algumas últimas palavras sobre últimas palavras" e  "um guia de leitura atualizado". A diagramação está bastante agradável. Preciso nem dizer que a escrita do Green é maravilhosa, né? 
     Recomendo para quem gosta do gênero New Adult, de questionamentos filosóficos acerca de coisas que todos nós estamos destinados e de um livro sincero e profundo.

TOP FRASES 

"Vocês fumam por prazer. Eu fumo para morrer".

"Chega um momento em que o melhor a fazer é arrancar o Band-Aid. Isso dói, mas depois passa, e então vem o alívio."

"Passamos a vida inteira presos no labirinto, pensando em como vamos escapar dele um dia, e como vai ser quando fizermos isso, e imaginando o que o futuro guarda para nós, mas nunca conseguimos de fato sair. Só usamos o futuro para fugir do presente."

"Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão."

"Como escapar do labirinto do sofrimento?"

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.

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